Beija-Flor e Mocidade Independente são os destaques do 2º dia de desfiles no Rio de Janeiro

Da Redação

O segundo dia de desfiles do Carnaval do Rio de Janeiro teve como destaque as apresentações da Mocidade Independente, com um desfile competente e sem erros, e da Beija-Flor, que encerrou a festa do Carnaval carioca levantando o público da Marquês de Sapucaí com enredo sobre o cantor Roberto Carlos. As duas escolas juntam-se à Unidos da Tijuca e Mangueira, destaques do primeiro dia, como as favoritas ao título deste ano. A Imperatriz Leopoldinense pode ser a surpresa da apuração.

Mais cedo, a Salgueiro fez um desfile desastroso, com problemas em quatro carros, atraso e estouro no tempo limite da passagem pela passarela. Já a Grande Rio, escola mais afetada pelo incêndio na Cidade do Samba ocorrido em fevereiro, entrou na avenida sob forte chuva e fez um desfile de superação, com várias alas desfilando sem fantasias.

Nos camarotes, muitos beijos, paqueras e o ator francês Vincent Cassel, que deixou de lado a guerra publicitária e resolveu curtir a festa nos dois camarotes patrocinados por cervejarias, um da marca da qual é garoto-propaganda, e também no da concorrente. Já Ronaldinho Gaúcho provou estar com o preparo físico em dia, saindo mais uma vez em seu bloco carnavalesco à tarde, e, à noite, no desfile da Grande Rio, a sua terceira participação no Carnaval do Rio de Janeiro.

 

União da Ilha

Uma das três escolas atingidas pelo incêndio na Cidade do Samba, a agremiação da Ilha do Governador entrou na Marquês de Sapucaí ao som do "Parabéns pra você" e comemorou 58 anos com um grande bolo, que foi distribuído entre os espectadores do setor 1 do sambódromo, o mais popular. Um carro e milhares de fantasias tiveram de ser reconstruídos e, a quarenta minutos de entrar na avenida, aderecistas ainda montavam a forração do carro da comissão de frente, chamado "Árvore da Vida". Ainda assim, a União da Ilha deu mostra de superação e de alegria para mostrar o enredo "O Mistério da Vida", baseado em Darwin, com um bom desfile.

Salgueiro

O tema era cinema, a organização era enorme e o orçamento milionário - pelo menos R$ 10 milhões, contando com R$ 3 milhões de patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro. Ainda assim, a Salgueiro foi atrapalhada pelo tamanho exagerado de três carros e princípio de incêndio numa quarta alegoria. Com isso, a escola teve sua evolução prejudicada e acabou saindo da Marquês de Sapucaí com 10 minutos de atraso, totalizando 92 minutos de desfile (o tempo máximo regulamentar é de 82 minutos) e penalização.

A bateria da escola, trajada com fardas de soldados do Bope, foi uma das alas mais prejudicadas, e teve que abrir mão do recuo para não atrasar ainda mais a escola. Apesar dos problemas, a escola empolgou a avenida, principalmente pelo bom samba cantado pelo puxador Quinho, muito cantado pelo público da Sapucaí.
 

Mocidade Independente

Com o samba-enredo “Parábola dos Divinos Semeadores”, a Mocidade foi buscar nas lendas ligadas ao campo a origem do próprio Carnaval, e se valeu de um samba de letra fácil para cativar o público com uma apresentação competente.

Muito colorida, a escola de Padre Miguel utilizou fantasias inusitadas. Na comissão de frente, dois anões pajeavam uma bailarina, enquanto outros 13 componentes evoluiam sobre patins. Logo depois, o carro abre-alas "Era Glacial" fez nevar na Sapucaí, graças a efeitos com sal e gelo seco, para depois mudar totalmente de visual no período de "renascimento" da vida.

Ao final do desfile, a escola se viu prejudicada na dispersão, devido aos carros quebrados da Salgueiro, escola do desfile anterior, que ainda estavam no local.

Grande Rio

Em reverência a Florianópolis, a Grande Rio, como se já não bastasse ser a escola mais afetada pelo incêndio na Cidade do Samba, ainda teve de enfrentar outro obstáculo para seu desfile este ano: uma chuva torrencial.

Apesar de atrapalhar a evolução dos passistas - a apresentadora Ana Hickmann chegou a levar um tombo na passarela -, o tom do desfile foi de superação, inclusive com algumas alas desfilando sem fantasia, já que a escola teve menos de um mês para refazer as alegorias. "Para quem superou um incêndio, essa chuva não é nada", declarou Cahê Rodrigues, carnavalesco da escola.

Porto da Pedra

O enredo da Porto da Pedra homenageou Maria Clara Machado, e trouxe para a avenida um desfile bem comportado, com temática infantil, passistas com muita roupa e cheiro de

bolo na avenida, exalado pela alegoria "Maroquinhas". No alto do carro, Geisy Arruda não continha as lágrimas na sua estreia no Carnaval do Rio de Janeiro.

No final do desfile, um susto: o piso escorregadio da Marquês de Sapucaí, resultado da chuva e do vazamento de óleo de um dos carros da escola, dificultou a passagem da agremiação na dispersão e fez com que vários integrantes da escola caíssem na avenida, causando problemas também para a escola seguinte, a Beija-Flor.

Beija-Flor

Com o enredo "Roberto Carlos: A Simplicidade de um Rei", a Beija-Flor encerrou os desfiles do Carnaval 2011 no Rio de Janeiro. O cantor, que revelou ansiedade e nervosismo pela homenagem, teve todas as fases de sua vida mostradas no desfile, e surgiu no último carro da escola, que retratava seu lado religioso.

Em um desfile tecnicamente perfeito, que terminou sob a luz do dia, a Beija-Flor conseguiu empolgar de maneira diferenciada o público da Marquês de Sapucaí, credenciando-se como forte candidata ao título deste ano. Ao final do desfile, ainda na avenida, Roberto Carlos declarou que a homenagem da escola foi uma das maiores emoções da sua vida.

Apuração

A apuração do Carnaval do Rio do Janeiro ocorre nesta quarta de cinzas, às 16h15, na Marques de Sapucaí. Serão avaliados 10 quesitos (bateria, samba-enredo, harmonia, evolução, enredo, conjunto, alegorias e adereços, fantasias, comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeira), com notas de 5 jurados em cada item, sendo descartadas a maior e a menor nota. Os critérios de desempate e ordem de leitura dos quesitos serão sorteados momentos antes do início da apuração. Neste ano, por conta do incêndio ocorrido na Cidade do Samba, não haverá rebaixamento, e Portela, União da Ilha e Grande Rio, as maiores prejudicadas no incidente, não participam da disputa do título.