16/02/2010 - 02h22 | do UOL Carnaval
LUIZ FRANCISCO
Colaboração para o UOL, em Salvador
Mais do que as inovações tecnológicas apresentadas pelos trios elétricos, os encontros musicais e os desfiles dos principais nomes da axé music, o Carnaval de Salvador marcou o “renascimento” de cantores que estavam relegados ao segundo plano da folia. A festa na Bahia termina oficialmente nesta quarta-feira (17) com um arrastão comandado por Carlinhos Brown e Ivete Sangalo
Considerado o “pai da axé music”, Luiz Caldas foi muito homenageado por quase todos os cantores que desfilaram nos três principais circuitos da folia - Barra/Ondina (orla), Campo Grande/praça da Sé (centro) e Pelourinho (centro histórico). “Nós devemos muito a Luiz Caldas, um compositor que teve a coragem de fazer uma ruptura na música carnavalesca da Bahia”, disse a cantora Daniela Mercury.
Nos últimos anos, com o profissionalismo da axé music, Luiz Caldas foi completamente abandonado e passou a tocar em pequenas cidades. “Fiquei muito emocionado e feliz por todas as lembranças. O mais importante é que a semente que foi plantada por minha geração, há 25 anos, deu muitos resultados positivos”, afirmou o autor de “Fricote”, que desfilou em um trio independente (sem cordas) de terno, gravata e sapatos sociais, bem diferente da época em que fazia sucesso, quando se apresentava descalço e com colares e pulseiras.
Outro cantor que voltou ao Carnaval de Salvador depois de muitos anos foi Moraes Moreira. Afastado há dez anos da folia, o compositor retornou em grande estilo - desfilou em cima de um trio elétrico, deu “canjas” e fez um dueto com Gilberto Gil. “Cumpri o meu exílio involuntário. Se dependesse de mim, jamais teria deixado o Carnaval da Bahia”, disse Moraes Moreira, considerado o primeiro artista a cantar em cima de um trio elétrico, acabando com a fase das músicas apenas instrumentais.
No final da década de 90, descontente com as mudanças introduzidas na folia baiana, Moraes Moreira fez muitas críticas à organização da festa. A partir daí, foi boicotado por empresários e donos de trios elétricos. “A história do Carnaval de Salvador não pode ser contada sem Moraes Moreira”, disse Gilberto Gil.
Na tarde desta segunda-feira, Saulo Fernandes, vocalista da banda Eva, trouxe para a avenida mais dois “renegados” do Carnaval de Salvador: a cantora Márcia Short e Buck Jones, que por muitos anos fizeram sucesso na Banda Mel (atualmente Bamdamel). “Eu estou aqui cantando por causa de vocês e quero fazer este reconhecimento de público”, afirmou. “Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo neste momento”, acrescentou Buck Jones.
Intérprete de um dos maiores sucessos da axé music (“Abre a Rodinha”), “adotada” pelo apresentador Chacrinha, a cantora Sarajane também é outra artista “esquecida” que ganhou mais destaque na folia de Salvador este ano. “Saí em um trio independente, cantei na periferia e recebi muitos convites para novas apresentações”, afirmou Sarajane, que desenvolve um trabalho social no subúrbio de Salvador. “Ensino música para crianças pobres e isto me dá orgulho e prazer.”
Gilberto Gil, que também foi muito homenageado durante a festa, classificou de “muito justo” o reconhecimento aos “artistas renegados”. “Da mesma forma que a minha geração teve Dorival Caymmi e João Gilberto como espelhos, muitos cantores que fazem sucesso hoje na Bahia e no Brasil um dia se inspiraram em Luiz Caldas ou Moraes Moreira.”
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