07/03/2011 - 00h04 | do UOL Entretenimento
AFP PHOTO/VANDERLEI ALMEIDA
Da Redação*
Sambar faz bem à saúde. Essa foi a mensagem da Imperatriz Leopoldinense ao público da Marquês de Sapucaí, na noite deste domingo (6). A segunda escola do Grupo Especial começou a desfilar às 22h36, pouco após tomar um pequeno susto com o princípio de incêndio no carro abre-alas, chamado "África, berço da cura". O fogo foi debelado rapidamente e não afetou em nada a alegoria, nem o andamento da escola.
As criações do carnavalesco Max Lopes, que preza pela inovação no Carnaval, chamaram a atenção desde a entrada da comissão de frente, composta por 15 bailarinos. Interpretando os "doutores da alegria" (palhaços vestidos de médicos que tentam alegrar pacientes, sobretudo crianças, internados em hospitais e clínicas), a ala passou pela Sapucaí munida de macas, que se transformaram em camas elásticas e foram utilizadas em acrobacias.
Segundo o coreógrafo Alex Neoreal, foram quatro meses de ensaios exaustivos para chegar à Sapucaí com um formato ideal de performance. "Aparentemente eles são médicos, se transformam, vão ganhando a cor e alegria. E o hospital vai virando uma grande festa”, afirmou.
Grandiosos, os carros alegóricos contaram a evolução dos métodos médicos através dos tempos. O abre-alas, que tinha como destaque a atriz Zezé Motta, trouxe as primeiras tribos africanas, com seus métodos rústicos e extremamente ligados a elementos naturais e até sobrenaturais. Ladeando esculturas e detalhes cobertos de tecidos zebrados e malhados, enormes estruturas imitando chifres de antílopes formavam a coroa, símbolo da escola.
A tradicional e obrigatória ala das baianas representou os banhos e poções mágicas típicas dos povos africanos e, mesmo nos dias atuais, ainda arraigados no imaginário das populações mais carentes.
Na sequência, as alegorias mostraram os métodos da ayurvédica indiana; a noção dos povos mesopotãmicos de que os males eram provenientes do castigo divino; o Egito antigo, tradicional participante de desfiles, com seus métodos de mumificação e, assim, "preservação" da vida; a Renascença e o Iluminismo, com o avançar de ideias e métodos cirúrgicos; e, também, males típicos de países periféricos, como as propagadas por mosquitos, ou de países avançados, como o mal da vaca-louca.
A Imperatriz também inovou com a bateria, que trouxe à frente a modelo e empresária Luiza Brunet, rainha há 16 anos no posto, incorporando a "Pedra Filosofal, elixir da vida". O mestre Marcone, em seu quarto ano à frente da ala, comandou 270 ritmistas fantasiados de bruxos alquimistas, que trouxeram seis berimbaus e aliaram o som da capoeira às paradinhas. Além disso, integrantes de apoio circulavam com garrafas d'água, cuidando da hidratação dos componentes.
Marcone, que é formado em capoeira, garantiu que o som dos berimbaus vai conquistar os jurados pela ousadia e criatividade “integrada com a boa afinação e melodia do samba”.
Ousadia também foi vista na escolha dos casais de mestre-sala e porta-bandeira. O primeiro, Philippe e Rafela, fazia sua estreia pela Imperatriz, enquanto o segundo casal era formado por adolescentes: Diogo Sebastião tem apenas18 anos e Yasmim Alves, 14. O contraponto foi o puxador Dominguinhos, que completou esta noite 40 anos de Carnaval e receberá uma homenagem da escola, além do pedido de continuidade -- o intérprete começa a planejar a aposentadoria.
E com fôlego, ousadia máxima e muita saúde, a escola encerrou o desfile com 80 minutos, dentro do tempo regulamentar. (com reportagem de Fabíola Ortiz)